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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

BEATRIZ CECILIA

( MÉXICO )

 

Originária do México, Distrito Federal.
Bailarina e atriz, cantora, coreógrafa e escritora.
Escreve teatro, conto e poesia.
Publicou em 2010 o poemário De mis humedades vengo (Verso Destierro). Sua poesia foi antologiada em quatro volumes tanto do México como no estrangeiro, 2ª. edição em 2014.
Quatro de suas obras de teatro foram encenadas.
 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

ENCUENTRO UNIVERSAL DE ESCRITORES “VUELVEN COMUNEROS”.  América  Grito de Mujer; antología poética. 
XI Encuentro Universal de Escritores
Bogotá,  Colombia, Septiembre 2017.  Edición Gustavo Ibañez Carreño.

                               Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Certa vez — un día — me dijeron que el llanto
es cosa de mujeres. Y creí.
Pude ver incontables lágrimas en ojos
de mujeres que comían su rabia
disfrazada de tortilla. Subiendo cansadas
los cerros de mentiras,
pariendo con dolor y muriéndose a escondidas.
Indudablemente, esto era cosa de mujeres.

Una tarde, vi pasar frente a mí otra razón:
era la mugre de la indiferencia, la
impotencia de la verdad perdida.
Un hombre cargaba un cuerpo salino
de tantas lágrimas, pesado de tanta
muerte, vivo a pesar de mantenerse oculto.
Luego también, el llanto es cosa de hombres.

Hoy es de noche, siento
esos llantos inundar las calles.
Lloro, parece que la sangre
se ha tornado incolora.
Sé que este llanto es por los hombres y mujeres
que arrastramos el rencor
porque ya no cabe en el cuerpo,
y gemimos cada cinco minutos
con el estómago vacío,
porque somos negados  (burlados)  mentidos.
A veces, de madrugada, despierto
anegada en llanto, porque sé que vamos morir
sin ojos, con los huesos rotos y un grito
doloroso, ahogado en la garganta.
 

 

NADA

No quiero estar presente
cuando la campana de la iglesia llame
a velar otro muerto.
No quiero ver de frente a esas mujeres
que lloran a sus hijos con las cuencas llenas
de preguntas y resentimiento.

Cuando se habla de matanza, masacre, exterminio
en mi país,
se sabe que detrás
habita una justicia secuestrada y al tiempo, cómplice.

Que la lírica cantara a los amaneceres
al perfume del ritual amoroso,
a los buenos augurios que corren con el viento,
a los muchos pensamientos puros,
a la armonía que reflejan las estrellas,
a la vida
al futuro.

Pero las auroras nos sorprenden en charcos de sangre,
el amor se reparte como refugio
en el consuelo,
la esperanza y los anhelos se mudaron a otras tierras,
la pureza se amputa al primer balbuceo.
Unas luces pardas velan los cadáveres
a manos del anónimo,
la vida se nos revuelca entre las manos
y cada tragedia ostenta un nombre propio.

No tengo corazón para esperar los frescos amaneceres
y los ocasos suman más de cien mil.
Pero lo peor de todo, lo peor
es que cuando alguien lea estas líneas
las cifras será anacrónicas;
familias llorarán
a sus hijos, a sus padres,
decenas de mujeres asesinada aparecerán en los
tabloides.

Volverá a tañer la campana
y seguiré aquí
muy cerca
haciendo nada.


                       TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA     
 

 

Certa vez — um día — me disseram que o pranto
é  coisa de mulheres. E acreditei.
Pude ver incontáveis lágrimas em olhos
de mulheres que comiam sua raiva
disfarçada de tortilha. Subindo cansadas
os morros de mentiras,
parindo com dor e morrendo escondidas.
Sem dúvida, isto era coisa de mulheres.

Uma tarde, vi passar diante de mim outra razão:
era a sujeira da indiferença, a
impotência da verdade perdida.
Um homem carregava um corpo salina
de tantas lágrimas, pesado de tanta
morte, vivo a pesar de manter-se oculto.
Logo também, o pranto é coisa de homens.

Hoje já é de noite, sinto
esses prantos inundar as ruas.
Choro, parece que o sangue
se tornou incolor.
Sei que este pranto é pelos homens e mulheres
que arrastramos o rancor
porque já não cabe no corpo,
e gememos cada cinco minutos
com o estômago vazio,
porque somos negados  (enganados)  mentidos.
Às vezes, de madrugada, desperto
alagada em pranto, porque sei que vamos morrer
sem olhos, com os ossos quebrados e um grito
doloroso, afogado na garganta.
 

 

NADA

Não quero estar presente
quando o sino da igreja chame
a velar outro morto.
Não quero ver de frente essas mulheres
que choram aos seus filhos com as bacias cheias
de preguntas e ressentimento.

Quando se fala de matança, massacre, extermínio
em meu país,
se sabe que detrás
habita uma justiça sequestrada e o tempo, cúmplice.

Que a lírica cantasse aos amanheceres
ao perfume do ritual amoroso,
aos bons augúrios que correm com o vento,
aos muitos pensamentos puros,
à harmonia que reflitam as estrelas,
à vida
ao futuro.

Mas as auroras nos surpreendem em charcos de sangue,
o amor se reparte como refúgio
em consolo,
a esperança e os anseios se mudaram a outras terras,
a pureza se amputa no primeiro balbucio.
Umas luzes pardas velam os cadáveres
em mãos anônimas,
a vida se nos afunda entre as mãos
e cada tragédia ostenta um nome próprio.

Não tenho coração para esperar os frescos amanheceres
e os ocasos somam mais de cem mil.
Mas o pior de tudo, o pior
é que quando alguém leia estas linhas
as cifras serão anacrônicas;
famílias chorarão
pelos seus filhos, seus pais,
dezenas de mulheres assassinadas aparecerão nos
jornais.

Volverá a tanger a campainha
e continuarei aqui
muito perto
fazendo nada.

*

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Página publicada em novembro de 2023

 


 

 

 
 
 
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